Wednesday 9 October 2024

SDGs, Planetary Perspective and the Social Economy: Insights from Professor Allan Southern’sTalk

Last Wednesday (2nd October), we had the privilege of hosting Professor Southern, from the University of Liverpool School of Management,  for a fascinating talk on the intersection of social economy, Planetary Boundaries, the SDGs and Doughnut economics. Professor Southern elaborated on how social economy enterprises can contribute to a more sustainable and equitable future.

The talk explored the concept of Planetary Boundaries and how exceeding these limits can lead to significant environmental and social challenges. Doughnut economics, a framework proposed by Kate Raworth, offers a compelling alternative, suggesting that economies should aim to meet the needs of all people within the boundaries of our planet.

Professor Southern also shared inspiring examples of social economy businesses, including Mondragon in Bilbao and Can Cook/Well Fed in Liverpool. These case studies show the potential of social economy enterprises to create sustainable economic models focusing on social and environmental well-being.

Check the video to learn more about the key points of Professor Southern’s talk



Tuesday 10 January 2023

A Universidade em questão

 


Após a Declaração de Bolonha, a formação superior que temos parece responder mais aos desafios económicos e políticos do que aos culturais. Será que a alternativa da universidade é a redução do ensino e do saber a critérios de eficácia? (Ler mais...)



 

Valham-nos as Humanidades


É apanágio das Humanidades, na sua tentativa de compreensão alargada de nós próprios, dos outros, e do mundo, a abertura para a pluralidade de interpretações. O que inclui o esforço de reconstituição histórica do passado para melhor se compreender o presente, mas também a tentativa de compreensão da nossa identidade pessoal e das identidades coletivas. (Ler mais...)





Gonçalo Marcelo, 

Investigador no Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, 

Universidade de Coimbra 06 Janeiro 2023, 00:17:


Wednesday 27 April 2022

Acerca dos amanhãs cantantes do neoliberalismo

 
A Poesia está na Rua
Pintura de Vieira da Silva – 1974


Acerca dos amanhãs cantantes do         neoliberalismo

Leonardo Costa


25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in ‘O Nome das Coisas’ – 1977

Em Portugal, cada vez que se comemora o 25 de Abril de 1974, há quem queira também comemorar, por boas razões (dá-se o benefício da dúvida), o 25 de novembro de 1975. A comemorar o 25 de Novembro de 1975, um contragolpe, considero que dever-se-iam também comemorar o 28 de Setembro de 1974 e o 11 de Março de 1975, outros dois contragolpes. É que foram estes três contragolpes que, no seu conjunto, permitiram a consolidação da democracia portuguesa. Clubes à parte, é capaz de ser mais simples ficarmos pelas comemorações do 25 de abril de 1974, o dia inicial em que a poesia esteve na rua.

Vem o acima a propósito dos amanhãs cantantes do neoliberalismo. Em democracia, os indíviduos são livres de escolherem os amanhãs cantantes que entenderem. Os amanhãs cantantes do comunismo prometiam um sol a brilhar para todos nós. Sol Enganador, as mais das vezes, à luz da experiência histórica. Já os amanhãs cantantes do neoliberalismo (que não é novo nem é liberal) prometem, no presente, uma vida às novas gerações pior do que aquela que as gerações mais velhas tiveram ou têm tido. Ou seja, no presente, o neoliberalismo nem se quer faz o esforço de ser uma utopia. É uma distopia!…

No presente o neoliberalismo nem sequer faz o esforço de ser uma utopia. É uma distopia!… 

Como afirmava a primeira ministra do Reino Unido nos anos 1980s do século XX, Margaret Thatcher (uma das grandes referências políticas do neoliberalismo), [para o neoliberalismo] não existe sociedade, apenas indivíduos. Indivíduos deixados à sua sorte, acrescento. Indivíduos que não pautam a sua atuação pelo princípio moral da simpatia de Adam Smith. Muito pelo contrário, pautam a sua atuação pelo princípio imoral da ganância, dedicando uma boa parte do seu tempo a extrair rendas à sociedade e a colocar as mesmas em paraísos fiscais.

Desde os anos 1980s do século XX, o neoliberalismo mais do que cumpriu com as suas promessas. Abandonou cada um à sua sorte, promoveu o individualismo metodológico e o princípio imoral da ganância, desregulou os mercados, em particular, os mercados financeiros, e trouxe dinâmicas de crescimento à desigualdade que colocam os países do mundo, também os países da OCDE, a caminho do antigo regime e/ou de sociedades do tipo patrimonial, não meritocráticas. Pelo caminho, gerou a crise financeira global de 2008 e, a seguir, suportou o salvamento incondicional do sistema financeiro desregulado a que deu origem, à conta do erário público. Um sistema financeiro que se posiciona algures entre o casino e o mundo do crime.

A sociedade em que vivemos, construída nos últimos quarenta anos, é um fruto das ideias neoliberais. E se a mesma está mais vulnerável a extremismos, como os da extrema direita nacionalista e xenófoba, às ideias neoliberais o deve. Por outros palavras, foi o neoliberalismo que alimentou a ascensão da extrema direita nacionalista e xenófoba em todo o mundo, ao preferir, nas suas palavras, o mercado imperfeito ao regulador perfeito, ao promover a ganância como uma coisa boa, ao fomentar a crescente desigualdade, ao colocar os indivíduos contra o Estado democrático, ao descredibilizar as instituições democráticas e do Estado, ao emprestar recursos financeiros a estas forças políticas extremistas, nacionalistas e xenófobas, por via dos paraísos fiscais que patrocinou. Foram as ideias neoliberais que colocaram as sociedades democráticas à beira do abismo. Insistir nas mesmas, é dar um passo em frente. É a receita para o desastre civilizacional.

A sociedade em que vivemos (…) é um fruto das ideias neoliberais. E se a mesma está mais vulnerável a extremismos, como os da extrema direita nacionalista e xenófoba, às ideias neoliberais o deve.

É assim necessário meter o neoliberalismo na gaveta, em nome da preservação de uma sociedade democrática e/ou civilizada. É preciso voltar a colocar as pessoas comuns no centro dos debates e dos projetos políticos. É urgente recuperar e repensar as nossas sociedades, com novas e renovadas ideias políticas (algumas da social democracia, outras da própria doutrina social da Igreja). É fundamental falar com as pessoas comuns e tornar as mesmas agentes políticos ativos do seu destino, individual e coletivo, em vez de meros espectadores das suas vidas, mais ou menos vulneráveis aos caprichos e manipulações de certas elites (políticas e económicas) sem escrúpulos. Territorialmente, é preciso reorganizar o Estado (europeu, nacional, regional e municipal) de maneira a exercer o princípio da subsidariedade até ao limite das possibilidades que o mesmo oferece. Por outras palavras, é necessário aprofundar a democracia, representativa e participativa.

É assim necessário meter o neoliberalismo na gaveta, em nome da preservação de uma sociedade democrática e/ou civilizada. (…).

Leonardo Costa

Docente e investigador da Universidade Católica Portuguesa

Porto 26 de Abril de 2022.