Kamala Harris e os
dois John: Lewis e Dewey
A primeira declaração política de
Kamala Harris na noite de 7 de novembro de 2020 começou na roupa branca que
trazia vestida. O branco foi a cor dos movimentos de libertação das mulheres,
desde os tempos das sufragistas no Reino Unido. “A democracia não é um estado de coisas; é um acto.” Durante
o seu discurso de vitória neste fim de
semana, a futura vice-presidente dos Estados Unidos Kamala Harris escolheu citar John Lewis , ex-eleito
para a Câmara dos Representantes falecido em julho passado. Para Harris esta
frase é "uma expressão da esperança de Lewis para a cura e
reconciliação nacional". [...] O que ele quis dizer é que a
democracia americana não é garantida. É tão forte quanto a nossa vontade
de lutar por ela. [...] Proteger a nossa democracia envolve lutas e
sacrifícios. Mas há alegria nessa luta. " A
tónica está nas pessoas e não tanto nas instituições. De facto, existem muitas formas de
democracia; e é, da natureza das instituições democráticas transformar,
evoluir, adaptar-se ao contrário de outros regimes, que são definidos por uma
certa permanência nas suas estruturas políticas. Como Dewey nos diz, “a
democracia é mais do que uma forma de governo; é antes de tudo o mais um
modo de vida” que implica “a necessária participação de todo o ser
humano adulto na formação dos valores que regulam a vida dos homens em comum.” Mais
do que “uma tecnologia política” é um espírito que deve animar a organização da
comunidade humana. O discurso de vitória de Kamala Harris, ao que parece, está
totalmente dentro desta linhagem de John Dewey.
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