Friday, 3 June 2016

Sobre os possíveis porquês do resurgimento do interesse pela Ética

Caros Amigos,

Na Conferência de ontem à tarde falou-se do aparecimento, desaparecimento e reaparecimento do interesse pela Ética.
Este post é para dar um modesto contributo para esta interessante discussão que me veio à ideia quando me lembrei de um texto escrito há uns anos e que tem andando em circulação, desde então, no pequeno círculo de algumas das minhas aulas.
O texto parte de uma análise interessante que Samuel Bowles e Herbert Gintis fazem sobre o modo, como ao longo do tempo, os regimes de democracia representativa têm gerido a tensão entre o garantirem, em abstracto, cada mais direitos humanos a cada vez mais pessoas, e a impossibilidade de concretizarem isso na prática. Bowles e Gintis identificam várias formas que foram existindo ao longo do tempo para acomodar essa tensão, parando na acomodação de tipo "keynesiano".
O que o meu texto é propor um novo modo de acomodação que me parece que tem vindo a ganhar cada vez mais importância, à medida que o modo de acomodação "keynesiano" vai tendo cada vez mais dificuldades. Chamei-lhe modo de "acomodação pelo espectáculo", entendendo-se aqui "espectáculo" no sentido que lhe é dado pelos Situacionistas.
O que a conferência de ontem me trouxe à ideia é a hipótese de que a importância que tem vindo a ser dada à Ética, nos seus usos "ideológicos", para utilizar o termo do Prof. João Cardoso Rosas, pode ser parte desta "acomodação pelo espectáculo", ou seja, pode ser uma forma de gerir a aparência de que se é "ético" quando, de facto, não é assim, ou é-se "ético" nalgumas coisas para encobrir o não o ser-se noutras mais relevantes.
Aqui vai, à vossa consideração, a localização do texto, para o caso de ser do vosso interesse:
https://www.researchgate.net/publication/301543361_Contradicoes_entre_os_Direitos_Humanos_em_abstracto_e_os_Direitos_Humanos_em_concreto_e_suas_formas_de_acomodacao_nos_regimes_democraticos 

Muito grato pelos vossos comentários,
Américo Mendes  

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